sexta-feira, 13 de abril de 2012

Análise de aparências no comportamento de grupo: reuniões de processo

Em uma série de situações grupais, é possível observar um padrão de comportamentos.

Há tempos que percebi e confirmei que, reuniões com o intuito de tomada de decisão frente a algo que não está correndo bem, são absolutamente inúteis. Perda de tempo.

Tudo corre em 10 etapas.

1 - Discurso introdutório da reunião semelhante a um culto. “Pessoal, chamei vocês nessa reunião para...”

2 - Primeiras considerações do participante com anotações prévias, que marca em um checklist todos os temas que gostaria de abordar.

3 - Exaltação. Alguém não aprova ou se sente ofendido.

4 - Stress. Discussão em alto volume.

5 - Frase de efeito: “Calma, gente! vamos parar com isso. Precisamos focar no que vai resolver!”

6 - Ânimos se acalmam com a mudança de assunto.

7 - Surge sugestão utópica.

8 - Momento de união e concordância com a ideia que resolverá os problemas.

9 - Empolgação ao discorrer as possíveis consequências da mágica solução.

10 - Fim súbito da reunião, pois outras demandas exigem a atenção dos profissionais.

Um detalhe interessante é que os passos 3, 4, 5 e 6 podem formar um ciclo, ou looping, que ocupa boa parte do evento, conforme abaixo.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Daqui de fora

Estou, há quase cinco anos, fora do mercado da Psicologia.

Meu número de CRP está inativo, mas o interesse pela área sempre correu junto comigo. Por leituras, pesquisas ou mesmo longas conversas com meus amigos e colegas de formação.

Hoje, vejo que eu era inexperiente demais no ano em que me formei. Experiência de vida também conta muito para um bom trabalho do psicólogo, e não apenas competência teórica e técnica. É a diferença entre conhecer a vida por livros e viver de verdade.

Esse fator “vida” faz com que você desenvolva mais empatia, que é essencial na Psicologia moderna.

Outro fator interessante é que passei a entender que os seres humanos não nascem com manual de instrução. Pensar dessa maneira me fez rotular menos. DSM’s e CID’s são excelentes auxiliares diagnósticos, mas os profissionais têm a mania de definir seus clientes pela enfermidade que carregam.

Esse excesso de diagnósticos, ramificações e subtipos criaram um efeito que alguém chamou brilhantemente de “Normalopatia”. Em resumo, um conceito de que existe um padrão de pessoas normais, livres de supostas doenças psicológicas.

Nesse sentido, a sublimação do Freud é um mecanismo de defesa extremamente útil para as pessoas seguirem com suas vidas. Fulano tem TOC de limpeza e foi trabalhar na vigilância sanitária. O sádico Ciclano, em vez de espancar pessoas nas ruas, seguiu uma brilhante e “prazerosa” carreira no UFC.

No fim, é esse o nosso papel como profissionais: ajudar o cliente, seja empresa, pessoa ou qualquer outro grupo, a seguir com sua vida e correr atrás de seus objetivos.

Infelizmente, essa ajuda é quase “passiva”, e na minha neurose, fico muito frustrado. Se o cliente não quiser ser ajudado, nosso trabalho parece ser em vão. Seria apenas mais uma função: eu finjo que presto um serviço e você finge que aproveita.

Tem que querer sair de casa sem a ajuda de antidepressivos.

Tem que querer manter o controle frente a pensamentos irracionais.

Tem que querer entender que somos responsáveis por tudo que acontece na nossa vida e que nossas escolhas têm consequências, agradáveis ou não.

Tem que querer se livrar do que supostamente incomoda.

Frente a essa quase “passividade” do psicólogo, vejo que minha volta ao mercado da Psicologia é muito difícil. Talvez seja um ponto importante para resolver em psicoterapia.