terça-feira, 14 de julho de 2015

Confissões de um vira-lata.

Eu me considero um legítimo vira-lata.

Metade japonês, metade brasileiro (que já tem várias bagagens étnicas misturadas), vivo em uma sopa genética de conflitos e admirações.

Para começar, flerto muito com os tambores do Candomblé e toda a cultura dos Orixás, mas tenho vinte milhões de pés atrás com a mais remota ideia que envolva sacrifício de animais.

Também sou apaixonado pelas filosofias orientais, principalmente as japonesas, bem como a cultura em geral e o estilo de vida.

No meio dessa sopa genética, eu. Querendo ler sobre tudo e acabando com um conhecimento quase que superficial de cada assunto.

Comecei a treinar Aikido e minha esposa quer fazer Kung-fu. Brinquei que ela está precisando dar uns socos e eu estou precisando encontrar um pouco de paz. Em parte é verdade.

Após ler a trilogia Musashi do Eiji Yoshikawa, fiquei pensando nas lições que o livro passou. Um samurai estrategista que encontra uma iluminação justamente quando não se encontra em conflitos ou duelos.

Até fico feliz de perceber quando estou no meio de alguma discussão inútil. O próximo objetivo é não entrar em nenhuma delas.

De onde vem essa necessidade de impor ou simplesmente mostrar a opinião para os outros? De provar que o seu ponto de vista está correto? Quero apenas aceitar a tempo que as coisas que eu penso são apenas minhas e guardar para mim. Deixar os outros com suas opiniões, fazerem, lerem e ouvirem o que quiserem.

O Aikido caiu como uma luva para esse aprendizado que busco. Conforme me disseram: não é competição, é cooperação. Posso estar errado e com uma opinião superficial na minha modesta faixa amarela, mas passei a admirar essa arte marcial porque o foco não é o conflito e sim o desenvolvimento pessoal.

Admiro as filosofias orientais porque o processo de evolução e equilíbrio vai de dentro para fora. No autoconhecimento. Não com livros cheio de dogmas e metáforas por conveniência.

No meio dos conflitos minha sopa genética, também fico assombrado com episódios como o Massacre de Nanquim, as caças às baleias ou mesmo imagino as causas para a alta taxa de suicídios no Japão e vejo que nada é tão perfeito assim.

Mas como a minha origem vira-lata sugere: a meta é o equilíbrio. Saber que nós só temos uma visão parcial de tudo e levar isso sempre em consideração antes de cogitar em opinar e sair por aí mostrando as ideias.

Precisamos parar de falar com tanta certeza de tantas coisas que desconhecemos.