quarta-feira, 26 de junho de 2013

Insônias aleatórias

Já passava das 23h. Estava lá, deitado na cama. Carlos chamava essas crises de "insônias aleatórias". Não tinham dia, nem critério e tampouco frequência para aparecer. Nunca chegou a procurar um médico para ver o que era isso. Tinha se acostumado.

Sua esposa já estava no 30º sono. Dormia tranquila ao seu lado. Ele estava feliz com ela. Depois de se entediar com o ritmo das luzes do celular se projetando no teto, passou a prestar atenção nela. Lembrou do dia em que se casaram, do primeiro encontro, início do namoro e das vezes em que saíram para se conhecerem melhor.

E por aí foi. Uma coisa levou a outra. Ao pensar em como tudo deu certo entre ele e sua esposa, passou a recordar todos os encontros desastrosos que passara na vida. Alguns nem foram tão ruins assim, mas teve um em especial que marcou demais.

Lá para o meio de 2006, ele tinha acabado de comprar seu carro. O nome da garota era Sabrina. Uma amiga da ex-namorada de um brother. Tinham se conhecido em uma baladinha qualquer.

Seria a estreia do Corsa como "abatedouro". Carlos se dava bem com Sabrina. Trocavam e-mails quase que diariamente sobre diversos assuntos. Às vezes, apenas com um "Oi, tudo bem?" na parte da manhã, a conversa se estendia pelo resto do expediente. O e-mail corporativo deles era praticamente um instant messenger.

Daí até marcarem de sair juntos, levou algumas semanas. Uma cantora de jazz faria um show no SESC Vila Mariana na ocasião. Carlos então, chamou Sabrina para assistir. Ela aceitou.

Sem GPS no celular e novo na carta de motorista, Carlos fez um estudo prévio para sair de seu trabalho na Lapa e buscar Sabrina no apartamento dela, em Moema. Durante o dia, entrou no Google Maps e falou com colegas que moravam na região. Tudo para não errar o caminho nem se atrasar.

Estava ansioso, mas tomava água para se acalmar. Tinha separado uma camisa para usar no encontro. Deixou um desodorante e um perfume na primeira gaveta de sua mesa. Comprou uma rosa colombiana para dar de presente a Sabrina.

Em paralelo a isso, fez tudo que tinha que fazer no trabalho em um ritmo alucinante. Terminou perto das 18h30, pontualmente no horário que tinha calculado para sair.

Desligou o computador, guardou suas coisas na mochila, pegou as impressões do Google Maps e saiu.

Dali para Moema, optou pelo caminho Marginal Pinheiros-Bandeirantes. Trânsito lento, mas tudo dentro dos cálculos de tempo que tinha estimado.

A única coisa que Carlos não previra era que a quantidade de água que bebeu durante o dia lhe causaria problemas logo naquela hora. Uma fortíssima vontade de mijar veio de repente, sem qualquer indício ou aviso prévio.

E o trânsito parado.

Ele começou a respirar fundo. A saída da Bandeirantes estava perto. Era só não se concentrar na própria bexiga. O carro avançou mais alguns metros. Carlos começou a dançar no banco. Dava pequenos e rápidos pulinhos usando apenas a força da bunda.

Pensou desesperado: "Puta merda! Chegar no encontro mijado é de cair o cu da bunda!". Começou a planejar uma visita rápida a alguma loja de roupas pelo caminho. Só para comprar um novo par de calças jeans.


Mais alguns metros. Finalmente! Entrou à direita e conseguiu andar um pouco mais rápido. Parou no primeiro boteco que encontrou, quase tropeçou no cinto de segurança que enroscou em seu tornozelo enquanto descia do carro e fechou a porta. Nem viu se estava parado em local proibido ou se tinha fechado o carro.

— Posso usar seu banheiro? Por favor! — pediu em tom de súplica para o homem no balcão.

— Opa! — respondeu o barman.

Ufa. Foi uma longa mijada. Alívio imediato. Lavou as mãos, agradeceu ao barman e voltou para o Corsa.

Mais tranquilo, conferiu as impressões do Google Maps e continuou seu caminho em direção à casa de Sabrina.

Chegou. Parou o carro na frente do condomínio e ligou de seu celular para ela. Alguns minutos depois, ela desceu. Carlos a esperou do lado de fora do carro, com a bela rosa colombiana na mão.

Ele a cumprimentou com um beijo no rosto. Sabrina agradeceu:

— Ai! Obrigada! Adorei meu presente! — disse sorrindo e cheirando a rosa.

Entraram no carro, conversaram sobre como o dia tinha sido e foram em direção ao SESC. Ou pelo menos, era o que Carlos achava.

Ele cometeu um erro básico. Na pressa, imprimiu as orientações para o local do show com origem em seu trabalho na Lapa, e não no endereço de Sabrina. Como não sabia andar por aquela região, acabou se perdendo. E ficou nervoso.

Sabrina ainda olhava para a rosa e continuava a conversa, mas Carlos não a ouvia. Ele quase suava frio tentando reconhecer alguma rua. Ele seguia em frente como se soubesse para onde estava indo.

Até que não teve jeito. Carlos precisou perguntar:

— Hã, Sabrina? Você sabe voltar para a 23 daqui? — a 23 de maio seria um bom referencial para Carlos se orientar.

— Humm... Deixa eu ver... Entra na próxima esquerda... Não, a segunda à esquerda...

— A primeira ou a segunda? — perguntou Carlos, ainda disfarçando o nervosismo.

— A segunda!

Passaram pela primeira rua, na segunda, perceberam que era contramão.

— Xii... Então é a terceira ou a quarta... — disse Sabrina, em tom de dúvida.

— Entro agora na terceira?

— É... Não sei. Acho que a 23 está para a esquerda.

— ENTRO NESSA OU NÃO?!

Com o aparente descontrole de Carlos, o silêncio imperou no carro por alguns segundos constrangedores, que pareciam uma eternidade. Até que Sabrina falou:

— Entra na próxima e vamos descobrir. Eu sou só uma menina do interior. Também não sei andar por aqui direito.

Hoje, Carlos tem mais claro na mente que, naquele preciso momento, suas chances de sucesso com Sabrina caíram para -50. Ele nem se lembra como conseguiram chegar ao SESC, assistir ao show e ainda jantar.

Sua memória pode ter exagerado na intensidade do descontrole. Mas tudo bem. O sono finalmente chegou. Carlos deu uma risada silenciosa, bocejou e virou para o lado de sua esposa. Dormiu até o despertador tocar, umas horas depois.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

De Lorean Creative Solutions Ltda.

Lá estava Gustavo. Sentado de frente a uma fogueira assando um besouro que tinha encontrado. Era o jantar mais farto desde a grande tragédia, há três semanas.

Estava faminto. Pensar que fazia dois meses que tinha sido chamado para ser estagiário da agência De Lorean Creative Solutions Ltda. Depois de um longo processo seletivo, fora escolhido para a área de atendimento.

Antes que todos pudessem perceber o avanço tecnológico, a viagem no tempo já era possível. Dos estudos finais até a utilização banal foi uma evolução muito rápida. As agências de publicidade foram as primeiras a adotar as máquinas do tempo como ferramenta de trabalho.

Problemas de prazo, entregas, pressão. Era uma solução perfeita. A expressão "esse trabalho é para ontem" passou a fazer sentido.

A De Lorean foi pioneira. Os gerentes de projeto amaram a ideia. Os clientes, mais ainda.

As duplas criativas trabalhavam da seguinte maneira: o job complicado chegava com um prazo apertado. O diretor de arte e o redator definiam o tempo para a execução do trabalho. Podiam demorar o quanto precisassem para uma entrega de qualidade.

Ao terminar o trabalho, mesmo que muito atrasado, os funcionários do atendimento faziam a viagem no tempo para apresentar, aprovar e veicular as peças na data que tinha sido estipulada.

O único cuidado especial que devia ser tomado era para não desorganizar a agenda dos gerentes do projeto. Mais uma função que deveria ser incorporada nas planilhas de cronograma.

Alguns simplesmente incluíram a coluna "EVT" (Entrega com Viagem no Tempo) ou "EMT" (Entrega com Máquina no Tempo). Tudo era uma questão de planejamento.

Quando passou no processo seletivo, o RH e os gestores de área definiram que o melhor lugar para Gustavo era no departamento de atendimento, auxiliando na administração das contas de varejo.

Gustavo estava feliz. Era uma grande oportunidade. Trabalharia em uma das maiores agências do país. Uma empresa que tinha crescido muito nos últimos anos. A De Lorean duplicou o faturamento com a conquista dos primeiros clientes que buscavam a solução da máquina do tempo.

A viagem temporal, principalmente no período de implantação, era um típico serviço para estagiários. Era necessário vestir uma roupa especial protetora. O material era amianto porque, durante as viagens, havia o risco de combustão espontânea.

Funcionava assim. Havia uma estrutura de metal cilíndrica, de 2 m de altura por 1,60 m de diâmetro.

A cabine tinha um painel eletrônico, com um teclado numérico onde eram digitados a data-destino e o horário. Devido à perda de dois estagiários por erros de digitação, foi estipulado como medida de segurança que a data limite para viagem seria 10/6/2010, dia em que a ferramenta fora implantada na agência. Assim, quem viajasse teria um meio de retornar ao seu tempo de origem.

Em resumo, assim que entrava na cabine, o viajante do tempo era submetido a micro-vibrações muito rápidas. Vibrava tanto que acontecia uma desestabilização molecular, assim, o grupo de moléculas era deslocado no sentido contrário de rotação da Terra, até a data desejada. A combustão nas primeiras viagens vinha do atrito com o ar no início da micro-vibração.

Enfim. O problema estava resolvido. Gustavo já estava se acostumando com as viagens. No começo, sentia um pouco de náuseas. Nada demais. Quando chegava no "tempo de entrega", era necessário apenas dar a seu chefe o pendrive com as peças e depois, voltar à máquina do tempo.

Tudo muito simples.

As coisas começaram a mudar quando a De Lorean venceu a concorrência de sua primeira conta imobiliária: Pássaros de Goiânia Construção e Vendas. O cliente, atraído pela maravilha da viagem no tempo, optou sem pestanejar pela agência.

Com um gordo fee, o maior da casa, a conta tinha muitos poderes e privilégios sobre os funcionários da De Lorean. Por causa disso, todos foram muito imprudentes na utilização das EVT's.

Um e-mail marketing. Algo muito simples que teve consequências desastrosas para o planeta.

A peça, que informaria o mailing de um evento em conjunto com a Caixa Econômica, conteria uma lista de empreendimentos que estariam em promoção e ótimas condições de financiamento. Contando com a EVT, o prazo já estava apertado. O trabalho entrou na agência na quinta-feira. O evento seria no sábado.

Na própria quinta, depois das 19h, a dupla criativa finalizou o trabalho.

Primeira alteração na sexta: a medida de um dos residenciais, o Jardim de Lírios com Orvalho, estava errada. Não eram 82 metros quadrados, e sim 70. Gustavo voltou para quinta-feira às 19h para refazer a entrega.

Segunda alteração na segunda-feira seguinte: o cliente não gostou de uma das cores no layout. Não estava vendedor. Era necessário passar mais alegria e esperança em um evento que oferecia uma oportunidade singular de compra de imóveis. Lá foi Gustavo de novo para a quinta-feira às 19h com o pendrive de alteração.

Terceira mudança, na segunda ainda na parte da tarde: o fundo do logo parecia estar prata, quando, na verdade, deveria ser cinza. Isso ia contra as especificações do guide. "Vai lá, Gus!".

Quarta alteração: trocar a palavra "imóvel" para "apartamento" em todo o e-mail. O enjoo que Gustavo sentia nas primeiras viagens até voltou a atacar seu estômago.

Quase uma semana depois da primeira entrega do job, veio o último pedido de alteração. E foi realmente o último. Pena que não deu tempo de aprender com esse erro: alterações e viagens no tempo formavam uma destrutiva combinação.

Enquanto Gustavo viajava, no formato de um agrupamento de moléculas soltas a grande velocidade, acabou se encontrando com dois outros Gustavos viajantes de outras alterações.

Houve um choque molecular e atômico, similar ao experimento no Grande Colisor de Hádrons, que desestabilizou os nêutrons e gerou a maior explosão atômica já documentada. O cogumelo de fumaça poderia ser visto da Lua.

A explosão varreu a vida na superfície da Terra. Sobraram apenas baratas, alguns insetos e um Gustavo, que surgiu na cabine da máquina do tempo após a estabilização de tudo.

Ele encontrou um mundo pós-apocalíptico típico. Deserto, sem luz e, até onde se sabia, sem zumbis.

No fim, só lhe restava torcer que a Emma Watson também estivesse viva para ajudar a repovoar o mundo.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Justiceiro Cotidiano

Edu sempre sonhou ser um super-herói.

Desde os 15 anos até hoje, com 30, ele aleatoriamente testa se seus super poderes vão se manifestar.

Pode ser na hora do almoço, no ponto de ônibus, em uma caminhada qualquer ou até mesmo nos corredores do escritório. Ele olha para os lados, escolhe um alvo e estica seu braço direito em direção a ele. Às vezes com o punho fechado, outras com a mão aberta.

E fica lá alguns segundos esperando o disparo de algum raio incandescente, um kamehameha, hadouken ou mesmo uma descarga da eletricidade estática.

Em outras oportunidades, Edu tenta mover objetos de metal com seus supostos poderes magnéticos. Qualquer habilidade mutante serviria.

Quando está parado em um engarrafamento na Berrini com seu Fiesta, logo se imagina em um voo vertical, que rompe o teto do carro. E abandona todo aquele trânsito para rasgar o céu em alta velocidade até sua casa. Só volta para a realidade quando lembra que, se tivesse tais poderes, não precisaria comprar um carro e pagar em 72 prestações.

Essa imaginação fértil, paixão por quadrinhos e animes, não era muito proveitosa em sua adolescência. Hoje em dia, qualquer um que o analisasse diria que ele sofria bullying e que estaria muito perto de entrar em alguma escola armado de metralhadoras, com a cueca por fora da calça, atirando em todos e gritando: "por Crom, Ishtar e Mithra!".

Como a maioria dos nerds nascidos nos anos 80, Edu cresceu bem. Apesar de seus surtos de imaginação a la "Mundo de Bobby", ele amadureceu, tem um emprego, namorada e amigos.

Bom. De perto, ninguém é normal.

Edu encontrou um jeito de se tornar super herói. Mesmo com suas limitações.

Tornou-se o poderoso Justiceiro Cotidiano. Nada de sair por aí mascarado. Tampouco, pular de prédio em prédio — após os 25, estava bem menos ágil com sua barriga de cerveja. Não tinha equipamentos, cinto de utilidades, nem mesmo uma central de operações secreta.

Simplesmente fazia seus movimentos para resolver qualquer injustiça que encontrasse no caminho.

Uma vez, lá pelas 8h da manhã, em um de seus engarrafamentos diários da Berrini, um carro da autoescola local começou a atrapalhar todo o fluxo da faixa da direita. A menina, que estava em aula, deixou o carro morrer. Com as bochechas vermelhas, ligava o carro, mas quando ia sair em primeira marcha, deixava o Golzinho morrer de novo.

O instrutor respirava fundo, impaciente. O carro de trás começou a buzinar. Tudo isso só aumentou o aparente nervosismo da garota. Que falhou mais três vezes ao dar partida no veículo.

Edu não pensou duas vezes. Parou o Fiesta ao lado do carro da autoescola, engatou a primeira marcha e "assassinou" seu carro. Deixou morrer de propósito. Recebeu suas buzinadas, mas as ignorou. Olhou para a garota, sorriu e deu partida novamente. Ela retribuiu o sorriso, se acalmou e conseguiu sair pouco depois.

Esse dia fora movimentado. Alguns metros à frente, um passageiro do ônibus jogou um copo vazio de água mineral pela janela. O copo tinha peso para ser arremessado porque também continha lenços de papel amassados e cheios de ranho, uns oito ou nove, todos juntinhos no recipiente.

Os reflexos de Edu para a nova vida de herói estavam aguçados. Nem sei como ele conseguiu ser tão rápido. O fabuloso Justiceiro Cotidiano subiu a guia rebaixada, parou o Fiesta na calçada do posto de gasolina, ligou o pisca-alerta, desceu do carro, pegou o copo da calçada e o atirou de volta no ônibus com incrível precisão.

Gritou:

— PORCO! — e voltou correndo para o Fiesta.

Mesmo com o trânsito lento, foi uma grande façanha. Edu acertou a bochecha direita de seu alvo e retomou o caminho para o escritório, sem atrasos.

Durante o expediente, tudo correu normalmente. Mesmo para Edu. Ele terminou todas suas atividades no horário. Era sexta e tinha um happy hour marcado. Deixaria o Fiesta no estacionamento da empresa e iria de trem até a Vila Olímpia. Ia só tomar umas cervejas e esperar a bebedeira passar antes de pegar novamente seu carro.

As estações de trem, na hora do rush, têm várias potenciais injustiças. O Justiceiro Cotidiano não poderia deixar nenhuma passar batida.

Depois de passar pelos bloqueios, Edu viu o elevador para deficientes com uma enorme fila. No meio dela, um idoso aguardava sua vez em meio a várias outras pessoas aparentemente preguiçosas.

Edu, entrou na fila, pegou no braço do velhinho e o conduziu até a porta do elevador. Após parar com o homem lá, virou para as outras pessoas e falou:

— Gente, preguiça não é necessidade especial. Vamos todos fazer exercício, descer as escadas. Abaixo o sedentarismo! Vamos lá! Ilari lari ê!

Acho que carisma era um dos super poderes de Edu. As pessoas da fila imediatamente saíram da frente do elevador e se dirigiram pelo caminho comum até a plataforma. Uma parte sorrindo, outra parte, constrangida. Mas foram.

Empolgado, o Justiceiro Cotidiano continuou com suas imediatas missões. Na escada rolante, tocou no ombro de dois usuários que estavam parados do lado esquerdo.

— Senhor, fique na direita e deixe os apressados descerem por aqui.

— Moça, com licença! Fica na direita? Obrigado!

E continuou feliz e satisfeito com sua carreira de super-herói. Começou a viajar: se imaginou comprando uma passagem para o RS só para dar uma surra na mulher que incentivava o filho a bater no filhote de poodle. Ele levaria um Mastim Napolitano apenas para fazer terror psicológico, enquanto daria tapas de costas de mão na cara daquela escrota. Seria um upgrade na carreira de super-herói.

O devaneio não durou muito tempo. Logo, viu um homem segurando a porta do vagão para que seus amigos, apressados e atrasados na escada, pudessem entrar no mesmo trem. O rapaz estava com a bunda empinada para fora. Provavelmente, chegou correndo e conseguiu segurar a porta com a mão direita.

Edu, que também corria para entrar no mesmo trem, achou injusto com os passageiros que estavam lá dentro. Então, chegou no cara que estava na porta, agarrou-o pela camiseta e o puxou de volta para a estação pelo cinto, em um tranco só.

Aplausos de dentro do trem.

Edu sorriu, deixou o trem partir e acenou para os usuários. Mas a felicidade de mais uma missão cumprida durou pouco.

O cara que segurava a porta ficou emputecido com a cena e deu um cruzado de direita no queixo do Justiceiro Cotidiano.

Foi a última missão do nosso herói. Hoje, ele se contenta em brincar com portas automáticas de shopping. Edu finge que está usando a telecinese para abri-las e fechá-las.