quinta-feira, 5 de abril de 2012

Daqui de fora

Estou, há quase cinco anos, fora do mercado da Psicologia.

Meu número de CRP está inativo, mas o interesse pela área sempre correu junto comigo. Por leituras, pesquisas ou mesmo longas conversas com meus amigos e colegas de formação.

Hoje, vejo que eu era inexperiente demais no ano em que me formei. Experiência de vida também conta muito para um bom trabalho do psicólogo, e não apenas competência teórica e técnica. É a diferença entre conhecer a vida por livros e viver de verdade.

Esse fator “vida” faz com que você desenvolva mais empatia, que é essencial na Psicologia moderna.

Outro fator interessante é que passei a entender que os seres humanos não nascem com manual de instrução. Pensar dessa maneira me fez rotular menos. DSM’s e CID’s são excelentes auxiliares diagnósticos, mas os profissionais têm a mania de definir seus clientes pela enfermidade que carregam.

Esse excesso de diagnósticos, ramificações e subtipos criaram um efeito que alguém chamou brilhantemente de “Normalopatia”. Em resumo, um conceito de que existe um padrão de pessoas normais, livres de supostas doenças psicológicas.

Nesse sentido, a sublimação do Freud é um mecanismo de defesa extremamente útil para as pessoas seguirem com suas vidas. Fulano tem TOC de limpeza e foi trabalhar na vigilância sanitária. O sádico Ciclano, em vez de espancar pessoas nas ruas, seguiu uma brilhante e “prazerosa” carreira no UFC.

No fim, é esse o nosso papel como profissionais: ajudar o cliente, seja empresa, pessoa ou qualquer outro grupo, a seguir com sua vida e correr atrás de seus objetivos.

Infelizmente, essa ajuda é quase “passiva”, e na minha neurose, fico muito frustrado. Se o cliente não quiser ser ajudado, nosso trabalho parece ser em vão. Seria apenas mais uma função: eu finjo que presto um serviço e você finge que aproveita.

Tem que querer sair de casa sem a ajuda de antidepressivos.

Tem que querer manter o controle frente a pensamentos irracionais.

Tem que querer entender que somos responsáveis por tudo que acontece na nossa vida e que nossas escolhas têm consequências, agradáveis ou não.

Tem que querer se livrar do que supostamente incomoda.

Frente a essa quase “passividade” do psicólogo, vejo que minha volta ao mercado da Psicologia é muito difícil. Talvez seja um ponto importante para resolver em psicoterapia.

Um comentário:

Elaine Catão disse...

Pode voltar, tenho certeza que você vai gostar...e eu estarei aqui prá te apoiar...ADOREI O TEXTO!!! Bj Pepa