segunda-feira, 19 de agosto de 2013

A difícil atualização da tecla "Foda-se".


Hoje de manhã, fomos correr com Barry White e Marvin Gaye, meus queridos vira-latas.

Sempre tive conhecimento de diversas fontes de adestramento e que é necessário um toque firme na coleira para controlar e educar o cão durante o passeio.

Como Marvin ainda não foi castrado, mesmo depois do exercício, ele ainda estava meio agitado. Corria, acelerava e queria ultrapassar o Barry que estava na frente. Por isso, eu o corrigia com o auxílio do toque na coleira. Até aí, tudo normal. Um desejo pela liderança de um cachorro na flor da puberdade esbanjando testosterona.

Eis que na rua, parou um sedan prata do meu lado com um senhor e uma mulher pouco mais nova e eles me chamaram.

Eu achei que eles queriam alguma informação. Aí, parei e me agachei para falar com eles.

Foi então que o homem me falou algo parecido com isto:

— Posso te pedir uma coisa? Não maltrate o cachorrinho. Ele é só um filhote! Se você não gosta, doa, mas não maltrata. Eu vi você puxando a coleira e enforcando o coitadinho.

Eu respondi:

— Imagina! Eu adoro eles... Isso é para correção.

— Mas você maltrata o cachorro. Ele é filhote!

Para não prolongar a conversa, abri um sorriso e respondi:

— Ok! Obrigado!

O carro foi embora e nós voltamos para casa.

Dessa cena, vieram as seguintes reflexões:

1 - Acho que tive a atitude correta de não prolongar uma provável discussão e resolver educadamente a história.

2 - Descobri que não sou tão zen assim. Momentos mais tarde, fiquei ofendido, chateado e puto da vida, ao pensar nessa intromissão do casal. A primeira coisa que pensei deles foi: eles devem ser do tipo que deixam o cachorro, ou os próprios filhos, reinarem sobre a casa e a vida deles. Mas parei de pensar dessa maneira, porque assim como eles, estaria julgando a situação e o mundo deles sem ter qualquer conhecimento.

3 - Depois até me senti culpado, pensando se eu estava realmente machucando o cachorro. Mas logo ignorei esse pensamento porque um cachorro escandaloso como o Marvin (meus vizinhos que o digam) não ficaria quieto se sentisse qualquer dor durante o passeio.

4 - Temos que tomar cuidado com o que lemos ou vemos na internet. Numa dessas, o cara poderia viralizar no Facebook uma foto minha, puxando o Marvin para perto de mim, com algum título que falasse de maus tratos de animais.

5 - Minha tecla "Foda-se" não está devidamente atualizada, porque fiquei me remoendo, a ponto de escrever este post, só por causa da opinião de um estranho idiota.


No fim, depois de divagar muito sobre o assunto, não tenho com o que me preocupar.

Marvin e Barry são saudáveis, brincalhões, carinhosos e adoram os humanos deles. Não há dúvidas disso.

Tentando ser zen novamente, posso até aplaudir o casal por essa preocupação e por terem coragem de falar com alguém sobre uma situação que os preocupou. Eles só escolheram a pessoa errada.

Segunda movimentada. A situação teria sido muito mais legal se o Marvin tivesse o impulso de mijar no carro deles, antes que fôssemos embora. Posso até imaginar uma cena assim.

De qualquer maneira, para eu não ficar engasgado com isso, uma mensagem final:

Prezado senhor do sedan prata e sua filha/esposa/companheira: vão tomar no cu.

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