domingo, 30 de julho de 2017
Por que a gratidão mijou na cozinha?
Quando o Barry morreu, o Marvin se sentiu muito sozinho. Não teve jeito: adotamos a Susan em uma feirinha realizada pela ONG APPA. Sim, estou falando de cães.
Barry era um cachorro muito inteligente. Personalidade praticamente humana. Ele foi uma pessoa peluda de 4 patas.
Marvin é um cão muito alegre. Bom humor em 100% do dia. Corre, brinca, pula e fica com o rabo abanando o tempo todo.
Já a Susan é um pouco mais calma, porém tem uma característica que nos chama muito a atenção.
Quando ela termina de comer, ou no momento em que a libero da guia do passeio, ela para ao meu lado, senta e fica olhando. A sensação que dá é a de que ela está agradecendo: seja por ter sido adotada, pela refeição e até mesmo pela caminhada.
Sendo assim, Marvin representa a alegria e a Susan passou a ser associada à gratidão.
No geral, ambos são muito obedientes.
O problema é que de vez em quando, a Susan faz xixi na cozinha.
Nunca soube a causa, motivo, razão ou circunstância para ela fazer isso.
Primeiro deduzimos que era por causa do frio: ela percebe o quintal mais gelado do que dentro da casa e desencana de ir até lá. A teoria caiu por terra quando o problema se repetiu no verão.
Depois, achamos que era porque o quintal estava sujo, com cocô do Marvin. Teoria descartada: um dia, a cozinha estava mijada mesmo com tudo limpinho lá fora.
Nunca descobrimos o que realmente acontece, até que de repente me deu um estalo: por que a gratidão mijou na cozinha?
Quando penso nessa pergunta, vem um monte de coisas na cabeça: todas as vezes que reclamei do trânsito, trabalho, vizinhos, conexão da internet, fome, preguiça, sono, frio e etc.
As filosofias orientais em geral valorizam muito o sentimento de gratidão, e uma reclamação é um sinal de que não estamos satisfeitos.
Porém, é uma questão de ponto de vista. Se estou preso no trânsito, é um sinal que tive condições de comprar um carro. Condições que vieram do meu trabalho, que também me ajuda a pagar as outras contas, financiar minhas viagens e cervejas.
Se o vizinho é chato e há conexão de internet, significa que tive condições de viver em uma casa. Por mais clichê que soe, é um privilégio que não existe para muita gente no mundo.
Já fiquei puto porque meu almoço atrasou umas horas. Depois de comer, parei para pensar: isso não é nada. Um monte de gente ainda morre de fome. Ficar de mau humor por conta disso é um puro melindre. Frescura mesmo. Tem uma padaria a cada esquina em São Paulo onde posso comprar um bolovo que seja.
Mas sem sofrência.
É uma perda de tempo sofrer pelo que não se pode mudar. Com pé no chão é melhor pensar: "está engarrafado? Ouça a música!", "Internet está lenta? Leia um livro!" e por aí vai.
Não há como comprovar a relação. Não reparei com atenção se quando estou com os pensamentos mais gratos, a Susan deixa de mijar na cozinha.
O importante é o resultado. Essa reflexão faz com que eu me policie para ter pensamentos mais produtivos e positivos. Porque entendo que a reclamação só atrapalha e deixa ansioso.
Obrigado ou ありがとうございます!
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