terça-feira, 19 de março de 2013

Quase tentei


Existe um exercício bem interessante na terapia comportamental: fazer o cliente trocar o verbo "conseguir" pelo verbo "querer". Em qualquer uma de suas frases.

Dá até um nó na cabeça.

Viajando pela mesma linha esses dias, lembrei da conversa que tive com uma amiga.

Fazia algum tempo que nosso grupo em comum não se encontrava e tinha surgido a oportunidade em uma festa.

Sobre sua presença no evento, ela me disse:

— Vou tentar!

Imediatamente, me lembrei das palavras do Mestre Yoda e respondi:

— Não existe tentar! Ou você vai ou você não vai!

O que seria "tentar ir a algum lugar"?

Ontem, o sujeito tentou levantar da cama cedo, mas estava cansado demais e apertou o soneca do despertador diversas vezes. Perdeu a hora de chegar ao trabalho.

Depois, tentou pegar o ônibus, mas estava cheio e não conseguiu entrar.

Atrasado, tentou falar com o chefe, mas só dava caixa postal.

Em resumo: ele não levantou da cama cedo, não pegou o ônibus e não falou com o chefe.

Não questiono aqui as possibilidades e probabilidades da realização de cada uma das atividades acima. Até mesmo porque, a telefonia móvel não está facilitando, os ônibus andam bem lotados e a preguiça pode ser uma tirana.

O ponto é: por que é tão difícil assumir que simplesmente não fiz algo? Por que saber que a existência de uma "tentativa" é algo reconfortante para o que a gente não quer fazer ou não fez?

Vou aplicar exercício no dia a dia.

— Wilson, você estudou o tema?

— Eu ten... Não. Eu não estudei.

— Wilson, você está escrevendo com regularidade nos seus blogs?

— Eu estou tent... Não. Não escrevo com regularidade.

— Wilson, você está correndo três vezes por semana?

— Eu tent... Não. Não estou correndo.

Enfim. Já deu para entender.

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